🎙️🧑🏾⚖️ MC Poze, “narcocultura” e o direito à liberdade de expressão: quem pode fazer arte sobre o crime no Brasil? 🎶⚖️
A polêmica da vez vem do funk. E do Estado. A Polícia Civil do Rio de Janeiro passou a usar o termo "narcocultura" para descrever a obra de artistas como MC Poze do Rodo, alegando que suas letras “romantizam o tráfico” e, por isso, mereceriam repressão penal.
Mas… será que isso é arte ou apologia ao crime? E, principalmente: o Estado pode calar a voz de um artista? 🤐
⚠️ Spoiler: não pode. A Constituição Federal de 1988 é claríssima no art. 5º, IX:
"é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença."
🔍 Então qual é o problema?
A repressão seletiva. Enquanto MC Poze é acusado de promover o crime por narrar a realidade da favela, artistas de outros gêneros e contextos sociais fazem o mesmo — e são aclamados como gênios da sétima arte ou da música alternativa.
🎵 Exemplo?
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"Smooth Criminal", de Michael Jackson, fala de um assassinato com narrativa sensacionalista.
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"Folsom Prison Blues", de Johnny Cash, tem o famoso verso: “I shot a man in Reno just to watch him die”.
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"Hurricane", de Bob Dylan, narra crimes e corrupção policial.
🎬 E os filmes?
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Tropa de Elite mostra tráfico, tortura e corrupção.
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Cidade de Deus se aprofunda na estrutura do crime organizado.
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Breaking Bad e Narcos são construídos com base em tramas criminosas — e viraram produtos milionários.
🧨 A diferença? Classe, raça, território.
A repressão recai com mais força sobre a arte periférica, negra, favelada — a mesma que denuncia uma realidade que o Estado não quer encarar. É a música
"Enfim a Hipocrisia", de MC's Jhowzinho & Kadinho, lançada
em 2021, aplicada a casos concretos...
🎧 E vale lembrar: gosto musical é subjetivo. Nem todo mundo precisa gostar de funk, rap, samba ou sertanejo. Mas o gosto pessoal não pode ser critério para atuação do aparato policial. Não cabe ao Estado decidir o que é “boa arte” ou “má arte” — cabe garantir que todas as vozes possam ser ouvidas.
🪘 E essa história não é nova. O samba, hoje patrimônio cultural brasileiro, já foi perseguido e criminalizado no início do século XX. No Rio de Janeiro, sambistas eram frequentemente presos por “vadiagem”, e instrumentos como o pandeiro e o tamborim eram apreendidos pela polícia. A associação entre música negra e marginalidade foi construída como forma de controle social e repressão cultural — exatamente como agora tentam fazer com o funk e o rap. O que mudou? Pouco. Só o ritmo. 🎶
📌 O ponto central é: representar o crime não é o mesmo que fazer apologia ao crime. A arte pode, sim, incomodar. Pode provocar. Pode expor o que o direito, muitas vezes, não consegue resolver.
❗Direito e Arte caminham juntos quando entendemos que a expressão artística é uma forma legítima de crítica social, de denúncia, de memória.
💡 Desafio pra você que ama o direito e a arte:
Será que estamos preparados para tratar igualmente todas as expressões artísticas, ou só aceitamos as que vêm com a chancela da elite cultural? Bora discutir isso em artigos e pôsteres acadêmicos?